segunda-feira, 18 de abril de 2016

A cusparada de todos nós
Algumas imagens são simbólicas e representam de forma completa o significado de um momento histórico. Os passos trôpegos de Jânio Quadros, o choro contido e sentido do garotinho com a camisa da Seleção Brasileira na derrota de 82, Sarney espremido entre dois generais numa cerimônia do 7 de Setembro.
Ontem, nada foi mais significativo para simbolizar todo o asco causado numa sessão tristemente histórica do que a cusparada do deputado Jean Willys na cara de Jair Bolsonaro. Há quem possa dizer que isso é algo menor diante do tamanho da agressão que a democracia sofreu.
Mas eu penso que são esses pequenos momentos simbólicos que trazem um sentido para tudo o que vivenciamos. A cusparada enojada, revoltada, indignada de Jean Willys foi a cusparada que eu gostaria de ter dado no rosto não só de Bolsonaro, como de Cunha, Wlad Costa e tantos outros naquele plenário.
Ver um sujeito como Bolsonaro desfilar em menos de um minuto tudo o que representam mais de 40 anos de violência, desrespeito aos direitos humanos, preconceito, num deboche a tudo e a todos, horrorizou os que ainda guardam um pouco de bom senso nesse cenário trágico.
Jean Willys é, atualmente, um grito que, se não único, o que melhor me ressoa nesses tempos sombrios.