A cusparada de todos nós
Algumas imagens são simbólicas e
representam de forma completa o significado de um momento histórico. Os passos
trôpegos de Jânio Quadros, o choro contido e sentido do garotinho com a camisa
da Seleção Brasileira na derrota de 82, Sarney espremido entre dois generais
numa cerimônia do 7 de Setembro.
Ontem, nada foi mais significativo
para simbolizar todo o asco causado numa sessão tristemente histórica do que a
cusparada do deputado Jean Willys na cara de Jair Bolsonaro. Há quem possa
dizer que isso é algo menor diante do tamanho da agressão que a democracia sofreu.
Mas eu penso que são esses
pequenos momentos simbólicos que trazem um sentido para tudo o que vivenciamos.
A cusparada enojada, revoltada, indignada de Jean Willys foi a cusparada que eu
gostaria de ter dado no rosto não só de Bolsonaro, como de Cunha, Wlad Costa e
tantos outros naquele plenário.
Ver um sujeito como Bolsonaro
desfilar em menos de um minuto tudo o que representam mais de 40 anos de
violência, desrespeito aos direitos humanos, preconceito, num deboche a tudo e
a todos, horrorizou os que ainda guardam um pouco de bom senso nesse cenário
trágico.
Jean Willys é, atualmente, um
grito que, se não único, o que melhor me ressoa nesses tempos sombrios.